Preservação de fertilidade – a criopreservação de ovócitos
A criopreservação de ovócitos permite a preservação da fertilidade feminina através de uma técnica de congelação rápida – a vitrificação de ovócitos.
A criopreservação de ovócitos está indicada nas seguintes situações:
- mulheres com doenças oncológicas ou outras que impliquem tratamentos que poderão afetar a sua fertilidade futura
- mulheres saudáveis que, por motivos pessoais e/ou profissionais, pretendem adiar o seu projeto de maternidade para idades mais tardias
O procedimento para criopreservação de ovócitos envolve várias etapas:
- Consulta médica – é essencial marcar uma consulta com um especialista em Ginecologia/Obstetrícia e subespecialidade em Medicina da Reprodução. Acima de tudo, antes de avançar com o processo, é necessário ter a certeza de que este é adequado ao seu estado de saúde e se é o caminho certo a seguir.
Na consulta é feita uma avaliação da paciente recorrendo a exames e análises hormonais e definido o protocolo de estimulação ovárica a seguir. - Estimulação ovárica – ao 2º ou 3º dia do ciclo menstrual é iniciada medicação hormonal diária, que irá provocar o recrutamento e crescimento de vários folículos ao mesmo tempo.
É feito um controlo ecográfico regular e uma vez atingido o tamanho folicular ótimo, é programada a toma de uma medicação que irá desencadear a maturação final dos ovócitos contidos nos folículos.
Após 36h da administração desse fármaco, é realizada a punção folicular
Esta etapa pode demorar cerca de 8 a 15 dias, dependendo da resposta individual à medicação. - Punção folicular – procedimento cirúrgico rápido, feito sob sedação e por via vaginal, durante o qual é aspirado o líquido de cada folículo.
Não é necessário internamento, mas é recomendado repouso e dieta ligeira no dia do procedimento. - Seleção dos ovócitos – o líquido folicular obtido é observado no laboratório e são recolhidos os ovócitos. Estes são avaliados quanto ao seu grau de maturidade e apenas os ovócitos maduros são selecionados para criopreservação.
- Vitrificação – os ovócitos selecionados são criopreservados em dispositivos designados por palhetas, utilizando a técnica de vitrificação. As palhetas são armazenadas em contentores de azoto líquido, onde permanecem até à sua utilização.
O desenvolvimento da técnica de vitrificação permitiu uma grande evolução na criopreservação dos gâmetas femininos.
Esta técnica utiliza meios com soluções crioprotetoras na sua composição que substituem a água presente em grande quantidade nos ovócitos, protegendo as membranas e evitando a formação de cristais de gelo no seu interior. O ovócito está assim preparado para resistir às baixas temperaturas a que será sujeito.
A taxa de sobrevivência dos ovócitos após vitrificação situa-se acima dos 90%. No entanto, existem fatores que vão influenciar a utilização destes ovócitos criopreservados, nomeadamente, a qualidade ovocitária.
Assim sendo, importa referir que a taxa de sucesso da criopreservação dos ovócitos é elevada mas que o objetivo final – a gravidez – irá depender de muitas outras condicionantes.
Algumas considerações:
A qualidade dos ovócitos é afetada por vários fatores, sendo o mais preponderante a idade da paciente. Podemos dizer que quanto mais tarde for feita a criopreservação dos ovócitos, menor será a quantidade e a qualidade dos ovócitos recuperados.
A criopreservação de ovócitos nunca é uma garantia de gravidez futura. Pelo que o adiamento da maternidade deve ser um assunto discutido com o médico para entender os riscos que acarreta.
Segundo a atual Lei Portuguesa, os ovócitos podem permanecer criopreservados por um período de 5 anos, findo o qual a paciente terá de assinar novo consentimento para manutenção da criopreservação por um novo período de 5 anos.
Após conclusão do procedimento em laboratório, será informada de quantos ovócitos foram criopreservados e será agendada uma consulta médica para discutir a necessidade de repetir o procedimento para aumentar a reserva de ovócitos criopreservados.